Project Description
O Instituto Ethos é peça fundamental na conscientização quanto à Responsabilidade Social Empresarial. E a Apel é sua parceira nesta empreitada. O trabalho conjunto começou pela renovação da estrutura do próprio Ethos, com o fortalecimento da área de sustentabilidade (captação de recursos) e a criação de uma área de planejamento e desenvolvimento, que aplicará sistematicamente a metodologia desenvolvida na parceria. “Eu estou satisfeito (…) a Apel significa um apoio real para nós”, explica Paulo Itacarambi, diretor executivo do Ethos.
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e a sustentabilidade têm se tornado temas cada vez mais presentes na sociedade, que vive um crescente processo de conscientização da importância desses elementos para o futuro do planeta e exige uma postura ética distinta das empresas e do poder público. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é, em grande parte, o responsável por essa mobilização e a Apel, sua parceira nessa luta. O instituto é uma das frentes de trabalho voluntário da Apel.
O Instituto Ethos, uma ONG (Organização Não Governamental), trabalha na conscientização das empresas quanto à necessidade de serem socialmente responsáveis e de terem como foco o desenvolvimento sustentável. Para alcançar seus objetivos, o instituto investe em informação e no desenvolvimento de novos modelos e instrumentos de gestão empresarial. Por meio de “publicações, mobilização e eventos, além da Conferência Internacional e do Prêmio Ethos de Jornalismo, entre outras ações”, segundo relata Aerton Paiva, da Apel Gestão de Projetos, o Ethos ganha maior exposição, ampliando sua influência na indução do movimento de responsabilidade social. Além do que, mais informadas sobre o assunto, as entidades passam a compreender melhor a necessidade de seguirem esse caminho e os métodos para isso.
O problema é que o movimento ainda não chega às proporções desejadas, pois a RSE não é vista como um dos principais aspectos na tomada de decisões por parte das empresas. Ou seja, apesar de almejarem o rótulo de socialmente responsáveis, falta dar aos aspectos necessários para tal sua real importância. Para mudar isso, o Ethos precisou rever a si mesmo, pois tinha que se organizar melhor para preparar uma ação mais incisiva.
O DESENVOLVIMENTO DA PARCERIA
A parceria que se estabeleceu entre Apel e Ethos em 2004 teve como resultado o Projeto Ethos Planejamento Trienal 2005-2007. Mas antes que se pudesse começar a pensar em projetar o futuro, era preciso conhecer a história e o presente. O primeiro passo foi a realização de três análises: o posicionamento do Brasil frente às 8 metas do milênio da ONU, o avanço do movimento de responsabilidade social no país e a contribuição do Ethos em tudo isso, como ele se desenvolveu ao longo do tempo e suas principais lacunas. “Fizemos um estudo em um prazo muito curto, mas com muita profundidade porque éramos em muitos”, conta Aerton. Quinze consultores da rede da Apel tinham se prontificado a trabalhar de forma voluntária no projeto, além do próprio Aerton.
A análise do movimento social no Brasil foi a mais trabalhosa, por não existirem pesquisas sistematizadas ou dados estatísticos. Aerton lembra como foi feito: “Avaliamos 2.100 extratos informativos, classificamos tudo o que foi publicado na imprensa sobre responsabilidade social e então montamos uma matriz, qualificando e checando divergências, convergências etc.” Ademais, foram utilizados balanços sociais publicados por empresas no site do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas desde 1995. Os 700 registros foram analisados, sistematizados e sintetizados em termos de avanço do movimento no Brasil.
Com as análises em mãos, era preciso mais um elemento antes de discutir o planejamento: entrar em contato com agentes indutores para pensar como os diferentes setores poderiam contribuir. Aerton esclarece que “foram realizadas reuniões com a mídia, com o movimento sindical, com universidades, com as federações das indústrias e com os próprios conselheiros do Ethos, membros bastante influentes nas empresas”. Todo o material necessário fora reunido e a partir daí se chegou a oito diretrizes. Para colocá-las em andamento, seis ações estratégicas foram desenhadas, que para serem transformadas em realidade requereram 140 projetos. O problema é que não é viável que uma organização com 30 pessoas realize essa quantidade de projetos em três
DESFAZENDO UM NÓ
Teria sido um obstáculo ao planejado, não fosse a desenvoltura da equipe da APEL para lidar com o contratempo. É o que revela Paulo Itacarambi, diretor executivo do Ethos responsável pela coordenação do projeto, “um aspecto interessante é a criatividade utilizada no processo, a oficina de planejamento estimulou bastante o trabalho das pessoas”. Criatividade é a palavra certa. Aerton inventou um jeito de materializar o tempo: o tempório, um dinheiro que valia dias. O intuito era descobrir o que era viável. “Tínhamos dois dias para organizar 140 projetos, alocar as pessoas, definir prioridades e verificar se todos os recursos estavam disponíveis para viabilizá-los”, detalha Aerton. O evento foi muito bem sucedido, ao alcançar os resultados pretendidos.
A dinâmica contou com elementos que, justamente por sua simplicidade, eram extremamente didáticos. Assim que os profissionais chegavam ao evento recebiam um envelope de tempórios que equivaliam a seus próximos três anos. Explicado o que significava aquilo, coordenadas eram dadas para separar o tempo disponível para realização de projetos. “Queríamos que a equipe do Ethos entendesse que tempo é finito”, explica Aerton. Tiravam-se as férias do pacote e o tempo dedicado às tarefas diárias no trabalho. “Não dava outra, para algumas pessoas sobrava apenas um pacote minúsculo de tempórios”, lembra.
De posse apenas dos tempórios disponíveis, o grupo recebia os projetos guardados em envelopes. Cada um era instruído a pedir os tempórios necessários – dias que fossem precisar das pessoas que participariam da realização do projeto – e colocá-los nos envelopes. Conforme fora previsto, logo faltavam tempórios para serem distribuídos. Para resolver este problema, os consultores da Apel haviam criado dois bancos, o Banco Brasileiro de Voluntários (BBV) e o Banco de Consultores (BC). Enquanto um emprestava dinheiro, o outro emprestava consultores. Aerton conta que “era como um mercado onde se negociava tempo”. Logo os empréstimos chegaram a duas vezes e meia a equipe do instituto.
Por fim os envelopes de projetos foram fechados. Para classificá-los, Aerton usou adesivos coloridos. Os verdes deveriam ser colocados nos projetos que contavam com todos os recursos para serem realizados, os amarelos nos que faltavam dinheiro ou gente para serem viáveis e os vermelhos nos que não apresentavam nenhum dos dois elementos. Devidamente etiquetados, eles deveriam ser colados no lugar destinado. Três paredes foram divididas entre os próximos três anos e em cada uma delas foram colocadas seis folhas correspondentes às ações anteriormente definidas.
Para fixar os envelopes nas paredes, havia uma massa própria. O raciocínio é simples e, ainda assim, brilhante. Aerton elucida: “Projeto complicado precisa de muita gente, o que significa muitos tempórios; a massa não aguentaria o peso”. Dentro de alguns minutos sua teoria se provou certa. Envelopes logo começaram a cair.
“Projetos que requerem muitos elementos não são administráveis, é preciso dividi-los em partes menores”, diz Aerton, que ainda recorda a grande quantidade de projetos marcados com o adesivo vermelho. Para Itacarambi “foi uma forma criativa de fazer as pessoas estabelecerem prioridades, já que essa é a grande dificuldade dentre tantos projetos importantes”. Em sua opinião, a ideia deu tão certo que Aerton deveria “utilizar essa metodologia como parte do processo de trabalho” constantemente. E completa: “É uma ideia concreta que facilita, um instrumento bastante interessante”.
O QUE FICA
Depois de todas as etapas de desenho do planejamento, desde outubro de 2004 o instituto tem implantado as ações que foram estipuladas no processo. Agora uma das preocupações é determinar o que fazer com os projetos que receberam o adesivo vermelho. “É preciso tomar providências quanto aos recursos necessários, enquanto se dá andamento aos demais”, explica Aerton. Além disso, a preocupação em ensinar à equipe do instituto qual a melhor forma de se escrever projetos fez o assunto entrar na pauta. Segundo Aerton, “estão previstas algumas oficinas”. Por enquanto, os profissionais do Ethos “estão determinando o escopo desses 140 projetos”.
Os benefícios que essa parceria trouxe para o Ethos foram muitos. “O primeiro foi a sistematização das informações”, lista Itacarambi. “O volume é muito grande e não é fácil, nós não teríamos feito sem a ajuda da Apel e sem o apoio particular do Aerton, que tem essa capacidade.” Outra questão importante destacada por ele é que esse é um projeto “que vai orientar o Ethos”. Enfatiza: “Com a contribuição dele pudemos definir quais são as linhas centrais de trabalho”. Além disso, Itacarambi elogia o trabalho bem feito, a parceria integral. “Estamos detalhando e estruturando um processo de planejamento e monitoramento que é difícil de fazer no nosso ritmo de trabalho. Não podemos dedicar um ou dois meses só para isso, temos que construir o avião com ele em vôo. O Aerton e sua equipe tem flexibilidade para trabalhar nessa situação.” Todas essas mudanças, na verdade, levaram a uma transformação muito maior: o redesenho organizacional do Ethos. “Temos que transformar o planejamento em um processo permanente e, para fazê-lo, precisamos criar as condições organizacionais internas”, explica Itacarambi. O diretor executivo do instituto conta que com a ajuda da Apel se pensa qual é a melhor opção para viabilizá-lo. Aerton relata quais são as principais alterações: “Fortalecemos a área de sustentabilidade do Ethos (captação de recursos) e criamos uma área de planejamento e desenvolvimento, que aplicará de maneira sistemática a metodologia desenvolvida”. Dessa forma, a organização poderá avaliar o avanço do movimento de responsabilidade social a qualquer momento, facilitando sua atuação.
Itacarambi coloca que a reestruturação organizacional interfere no próprio processo de planejamento e, mais uma vez, se mostra satisfeito com o trabalho da Apel, “seria difícil encontrar uma consultoria que nos ajudasse levando isso em conta, como a Apel, pois o redesenho leva o trabalho a um tempo maior. É que, às vezes, devido às mudanças organizacionais, algumas etapas precisam ser refeitas”. O diretor executivo do Ethos sabe que não é um projeto fácil e pondera: “Ainda bem que estamos com eles”. Dentro da nova estrutura se implantará o processo de planejamento permanente que, segundo Itacarambi, passa por dois elementos, “o esclarecimento do que deve ser feito e a capacitação da equipe”. “E a Apel está ajudando nas duas coisas, é um apoio fenomenal”, conclui.
UMA PARCERIA CONTINUADA
No entanto, todo o esforço para que a aplicação do planejamento seja permanente e sistemática não significa o fim da parceria entre as duas entidades. Ao final de cada ano o planejamento trienal se estenderá para os três seguintes, sofrendo uma evolução; de 2005-2007, para 2006-2008, por exemplo. “No final deste ano faremos a revisão da estratégia, é um caso de processo continuado de consultoria”, explica Aerton. Itacarambi concorda: “É permanente, contínuo”.
O excelente entendimento, os bons resultados e a previsão de trabalho conjunto contínuo são frutos dos ideais comuns entre as duas instituições. Segundo o diretor executivo do Ethos, o grau de parceria vai além de cliente-consultor. “Aerton e sua equipe não só nos ajudam a elaborar o nosso planejamento trienal, como contribuem com conteúdo.” Para ele, “Aerton tem um envolvimento bastante grande com a mudança da cultura gerencial das empresas”. Explica: “Ele tem levado esse tema ao dar assessoria, tem levado conteúdo, tem sido um estimulador, ajudando a mudar o modelo mental de gestão”. É por isso que essa parceria se tornou tão sólida. “Considero a Apel e o Aerton parceiros na responsabilidade social, não só no planejamento do Ethos, somos parceiros no tema”, conclui.
“Além da agilidade, acho que teve um compromisso bastante forte. Eu estou satisfeito. Temos um tempo grande de trabalho conjunto pela frente e o trabalho da Apel significa um apoio real pra nós. Se tivéssemos que remunerá-lo no valor que ele tem, não teríamos possibilidade”, ressalta Itacarambi.