Project Description

Objetivo/Necessidade

Reverter situação de degradação ambiental com inclusão socioeconômica em município de 50 mil habitantes, localizado no Vale do Jequitinhonha, que possui um dos menores índices IDH de todo o país.

Desafio

Articular diversas OSC (Organizações da Sociedade Civil), atuantes em diversos ramos do segmento ambiental e social, visando à modelagem de uma metodologia sinérgica de atuação e estruturar um programa de captação de recursos financeiros para viabilizar as intervenções na localidade.

Se a APEL está na constituição do “DNA” de nossa plataforma, Aerton Paiva tornou-se nosso irmão de ideais no estilo Arasempre, isto é, para todos, para sempre!
Tião Rocha, Diretor-presidente do CPCD

RESULTADO

Desenvolvimento do Programa Araçuaí Sustentável, formado por 12 OSC ligadas ao movimento de permacultura, reciclagem e educação para jovens, tendo concorrido a recursos financeiros no Programa Petrobras Ambiental de 2007. A aprovação do Programa Araçuaí Sustentável junto à Petrobras permitiu que mais de R$ 10 milhões fossem investidos em seus propósitos, sendo hoje uma referência nacional. As técnicas de permacultura foram aplicadas em áreas piloto e replicadas às residências, permitindo a recuperação de áreas degradadas e a produção de alimentos em escala. Foram também desenvolvidas parcerias estratégicas junto às Escolas Família Agrícola e diversas novas parcerias institucionais para financiamento do projeto. Além das atividades ambientais, outros ramos na área social foram implementados, como um núcleo específico de inclusão de jovens por meio de cooperativa de tecnologia da informação e produção cinematográfica.

O ano de 2005 foi marcante em nossa vida. Me permitam recordá-lo.

Os líderes brasileiros da Fundação AVINA, coordenados pelo biólogo Carlos Miller, foram passar uma semana em Araçuaí, Vale do Jequitinhonha.

O objetivo era conhecer de perto e conviver com um novo projeto e, ao mesmo tempo, poder conversar sobre as experiências de cada um destes líderes, vindo de diversas partes do Brasil.  Naquela oportunidade, o CPCD havia concluído seu desafio ao realizar uma “UTI Educacional” para tirar do analfabetismo mais de 2 mil crianças, ainda analfabetas ou semianalfabetas, mesmo após 4 e 8 anos de escolarização.

(Os dados do SIMAVE/MG, de 2003, mostravam que “cerca de 96,7 % dos alunos que estudaram 8 anos nas escolas públicas do município, estavam no grau de “insuficientes”, sendo que mais de 60% deles estavam num estado chamado “crítico”).

Superada esta fase de tirar os meninos da “UTI”, evitando a “morte cidadã” desta meninada, estávamos vivendo um novo desafio, tentando um novo patamar, ou seja, construir uma “Cidade Educativa”, visando transformar meninos suficientes em meninos excelentes. E para isso, contávamos com o engajamento direto de boa parte da população. Tínhamos aplicado ali em Araçuaí o que aprendemos em Moçambique, na década de 90: “para educar uma criança é necessário toda a aldeia”.

Construir uma “Cidade Educativa” era então nosso novo projeto e nossa causa, em 2005.

A visita dos líderes AVINA aconteceu neste período.

Ao final de uma semana, ao fazer a avaliação, os líderes disseram: “nós, líderes AVINA, somos reconhecidos e premiados pelo trabalho que realizamos, mas, nós nunca pudemos transformar ou criar, de fato, uma cidade. E aqui identificamos algo extraordinário que nunca havíamos encontrado em outros lugares: uma comunidade que não só acredita na sua capacidade, mas que tem um grande “empowerment” (no sertão mineiro, nós chamamos de “empodimento”).

E se nós nos juntássemos aqui em Araçuaí, usando o melhor de nossas “expertises”, somado ao “empodimento” das pessoas, será que não conseguiríamos realizar e ver um projeto realmente transformador, uma cidade sustentável?…Que tal, por exemplo, trabalhar todos juntos para uma nova causa e construir uma Cidade Sustentável, uma Araçuaí Sustentável?

Pronto. Desafio proposto. Desafio aceito por todos. E adivinhem quem é que estimulou toda esta reflexão: o Aerton Paiva, da APEL.

E antes de todos, arrematou de primeira, “…então se será uma Araçuaí Sustentável, será uma Arassussa!”

Pronto. Projeto nascido e logo batizado.

A busca da primeira Cidade Sustentável do Brasil surgia no meio do Vale do Jequitinhonha, fruto de uma reflexão-e-provocação proposta pelo Aerton Paiva e se transformado em construção coletiva. Uma Causa assumida por todos os líderes AVINA e um Compromisso de vida para o CPCD.

A partir daí, passamos todo o ano de 2005 descontruindo nossos conceitos e preconceitos. Ou melhor, ousando sair da fôrma, da lógica de projeto isolado para se chegar a uma plataforma – uma rede com causa.

E somente conseguimos avançar conceitualmente, porque o Aerton Paiva e depois os seus “meninos da APEL”, jovens aprendizes naquela época, como Carolina Rolim, Fernando Assad e Diego Vallim passaram a compor a equipe Arassussa, assim como outros colaboradores instigados pelo próprio Aerton.

A APEL nos provocou e instigou a “sair da caixa”, pensar além das formas e fôrmas convencionais, estender os limites do possível e ousar construir uma cidade sustentável, baseada numa mandala, cujos dois programas eram (e são até hoje): “meu lugar é aqui”(o presente do presente) e “cuidando dos tataranetos”(o presente do futuro).

Se hoje, 10 anos depois, o CPCD tem como causa pensar e agir em prol de uma Araçuaí, não mais Arassussa, mas “Arasempre: uma cidade sustentável, para todos, para sempre”, foi graças às reflexões, às proposições e às ações concretas da APEL , ao longo destes 10 anos.

Se outras instituições e líderes entraram e saíram da nossa mandala, a APEL esteve sempre presente e ativa, nos dando suportes técnicos e gerenciais, alimentando nosso ideário e, principalmente, investindo e instigando novos avanços e conquista.

E se a experiência iniciada em Araçuaí cresceu e expandiu, foi porque teve o privilégio de contar com a dedicação e compromisso da APEL.

E ao criar, em 2009, o Projeto “Brasileirantes: conhecendo o Brasil que se sustenta”, Aerton Paiva trouxe mais uma inovação: levar as pessoas, lideranças empresariais, estudantes e profissionais em sustentabilidade e formadores de opinião ao encontro das boas práticas, escondidas e espalhadas no interior do pais.

E neste roteiro de vivências, Araçuaí sempre foi incluída e pôde se mostrar inteira para todos os brasileirantes. Muita troca de aprendizagem e de afetos, acompanhados de boa prosa mineira, cachaça honesta e muita alegria.

Coube a APEL a idealização e realização desta ação que todos nós esperamos a cada dois anos.

Se a APEL está na constituição do “DNA” de nossa plataforma, Aerton Paiva tornou-se nosso irmão de ideais no estilo Arasempre, isto é, para todos, para sempre!.

Por isso, nossa gratidão, para sempre!

Tião Rocha
Diretor-presidente do CPCD